quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Porra nenhuma


Não acredito em porra nenhuma!
Nem na porra que fecunda,
nem na porra imunda que escorre
pelas coxas de uma amada qualquer.

Nem na porra do saco de Urano,
saco este do céu lançado por seu filho,
Saturno, ao mar, logo após a castração.
Nessa porra com sangue e espuma que,
numa concha, gera o amor, Venus,
a bela deusa que não é mais do que
porra, sangue e espuma.

Não acredito em porra nenhuma,
porque fiar-se é aceitar a chantagem
de Ariadne e, tal como Teseu,
ser obrigado a voltar, ainda que
desejoso por tudo abandonar.

Imagem: Giorgio Vasari e Cristofano Gherardi. Castração de Urano. 1560. Afresco do Palazzo Vecchio, Florença.

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